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- QUINTA-FEIRA, 10 , JULHO 2025
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METRÓPOLES – Com a indicação endossada pela Associação Nacional dos Magistrados Estaduais (Anamages), entidade que presidiu por dois triênios e na qual permanece no conselho presidencial, o juiz Mirko Vincenzo Giannotte, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), é um dos nomes que disputa a cadeira a ser liberada no Supremo Tribunal Federal (STF) com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello, prevista para 5 de julho.
De berço evangélico e “muito conservador na defesa dos costumes” – como se autodefine – , o magistrado passou a ser uma opção de escolha do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como alternativa ao atual cabo de guerra entre os nomes tidos como favoritos para a vaga: a do ministro Humberto Martins, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e de André Mendonça, da Advocacia-Geral da União (AGU), além de Augusto Aras, procurador-geral da República.
ara as andanças entre compromissos com a associação e conversas de bastidores no centro do poder, Giannotte esteve em Brasília, na última sexta-feira (11/6), quando recebeu a reportagem do Metrópoles para uma conversa que durou pouco mais de 1h45. Na entrevista, realizada no hotel onde estava hospedado na capital federal, defendeu a “reaproximação do Supremo com a sociedade”, elogiou o governo Bolsonaro e afirmou estar disposto a ocupar o cargo vitalício mais importante do Poder Judiciário.
“Olha, imagina uma mulher, uma menina que é rainha do rodeio de Jaguariúna, em São Paulo, e perguntam a ela se ela não quer ser Miss Universo. É claro que ela quer ser Miss Universo. Agora, pergunte para um juiz, né? Eu tenho 20 anos de magistratura e dez de advocacia. Quem não gostaria de ser ministro do Supremo Tribunal Federal?”, animou-se.
Nascido em Santos, litoral paulista, Mirko Giannotte disse que ter o próprio nome referendado pela Anamages – entidade que representa três mil juízes estaduais do país – é um ativo importante, mas pontuou que outros critérios serão levados em conta por Bolsonaro, o qual já declarou ter interesse em nomear alguém de perfil “terrivelmente evangélico”.
“Eu sou um evangélico de berço. A minha mãe é imigrante italiana, de origem judaica, e chegou aqui em 1953, com apenas 6 anos. Ela se tornou evangélica aqui, se tornando ‘assembleiana’, da Assembleia de Deus. Claro, eu sempre olhei, obedeci e ouvi os preceitos, a Bíblia estava presente sempre na minha casa. Dessa forma, se minha mãe é evangélica, eu que sou do ventre dela evidentemente também sou. Frequento uma igreja aqui no Jardim Botânico, em Brasília”, contou.
No exercício da magistratura, em 2017, enfrentou a acusação de ter recebido no contracheque um valor turbinado de mais de R$ 500 mil, o que gerou debate sobre privilégios no Poder Judiciário e despertou uma investigação já encerrada no Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
“Durante 13 anos, eles recolheram determinado valor do salário dos juízes e eu fui lá e cobrei, mas não fui o único. Foram 83 juízes que ganharam, só que recebi mais, porque eles me designavam em comarcas distantes, o que me garantia um adicional, sem que me pagassem. Nós cobramos e veio tudo de uma vez. Só que o Portal da Transparência falou que era salário, mas não era. Foi o acumulado de anos e anos”, explicou.
Proximidade com a população
O juiz está no segundo casamento e tem dois filhos: uma bacharelanda em direito, de 23 anos, e outro, estudante de 16. Na corrida pela preferência bolsonarista, Giannotte apresenta credenciais conservadoras, como ser totalmente contrário à legalização da maconha e do aborto, o que afirmou estar reavaliando em casos de estupro. Questionado sobre os próprios atributos que poderiam turbinar a preferência presidencial, Giannotte preferiu elogiar os possíveis adversários.
“Antes de falar do meu diferencial, tem um concorrente meu, o ministro André Mendonça, que é meu conterrâneo – ambos nascemos em Santos. E alguns outros, evidentemente, de diversos locais do país, são extremamente gabaritados. Eu não acho que tenho que convencer o presidente. Eu acho que é o presidente que tem de ser convencer de que eu, A, B ou C seja o melhor para sacramentar a escolha pessoal dele, conforme a Constituição prevê. Deus está acima de tudo, e eu tenho a certeza de que vai iluminá-lo para que escolha o melhor, seja quem for”, despistou.
Na investida para ocupar a próxima cadeira na mais alta Corte brasileira, o juiz do tribunal mato-grossense defendeu uma reaproximação entre o Supremo e a população. Uma das promessas, caso tenha o nome sacramentado, é de reservar parte da agenda para visitar instituições de ensino infantil, universidades e para a possibilidade de comandar aulas magnas para acadêmicos. Ele também reclamou sobre o fato de ensinos cívicos terem sido excluídos do currículo escolar obrigatório.
“Eu torço para seja alguém que aproxime um pouco o povo do Supremo Tribunal Federal. A Justiça Estadual é aquela que está mais próxima do povo. Tanto na questão do milhão, do bilhão, quanto do centavo e do real. Ultimamente, o povo não anda vendo o Supremo como Poder Judiciário. Se alguém tocar o coração dos 11 ministros que lá estão hoje para debaterem esta ideia, tenho certeza de que eles, ainda que não tivessem nenhuma vaga para ser preenchida por agora, tenho certeza de que o povo acataria. Não sou a voz do povo, mas se eles mesmos fizessem uma reflexão, acho que eles iriam um pouco mais perto da população.”
STF e pandemia
O juiz Mirko Vincenzo Giannotte também foi um dos magistrados que orbitou como protagonista nas ‘judicializações’ durante a gestão da pandemia no país. Em Mato Grosso, ele deferiu liminares para acabar com o toque de recolher e para flexibilização do horário de funcionamento de bares e restaurantes, a pedido dos próprios empresários, além de ter se posicionado de forma contrária ao fechamento de igrejas e templos religiosos.
O magistrado também avaliou como correta a decisão do Supremo de garantir aos estados e municípios a possibilidade de criar ações de enfrentamento à pandemia, mas defendeu que isso deveria ocorrer “sem abusos das autoridades”. Contudo, negou que o posicionamento fosse um aceno para agradar o titular do Palácio do Planalto, uma que Bolsonaro dispara constantemente contra as medidas restritivas.
Com a indicação endossada pela Associação Nacional dos Magistrados Estaduais (Anamages), entidade que presidiu por dois triênios e na qual permanece no conselho presidencial, o juiz Mirko Vincenzo Giannotte, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), é um dos nomes que disputa a cadeira a ser liberada no Supremo Tribunal Federal (STF) com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello, prevista para 5 de julho.
De berço evangélico e “muito conservador na defesa dos costumes” – como se autodefine – , o magistrado passou a ser uma opção de escolha do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como alternativa ao atual cabo de guerra entre os nomes tidos como favoritos para a vaga: a do ministro Humberto Martins, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e de André Mendonça, da Advocacia-Geral da União (AGU), além de Augusto Aras, procurador-geral da República.
Para as andanças entre compromissos com a associação e conversas de bastidores no centro do poder, Giannotte esteve em Brasília, na última sexta-feira (11), quando recebeu a reportagem do Metrópoles para uma conversa que durou pouco mais de 1h45. Na entrevista, realizada no hotel onde estava hospedado na capital federal, defendeu a “reaproximação do Supremo com a sociedade”, elogiou o governo Bolsonaro e afirmou estar disposto a ocupar o cargo vitalício mais importante do Poder Judiciário.
“Olha, imagina uma mulher, uma menina que é rainha do rodeio de Jaguariúna, em São Paulo, e perguntam a ela se ela não quer ser Miss Universo. É claro que ela quer ser Miss Universo. Agora, pergunte para um juiz, né? Eu tenho 20 anos de magistratura e dez de advocacia. Quem não gostaria de ser ministro do Supremo Tribunal Federal?”, animou-se.
Nascido em Santos, litoral paulista, Mirko Giannotte disse que ter o próprio nome referendado pela Anamages – entidade que representa três mil juízes estaduais do país – é um ativo importante, mas pontuou que outros critérios serão levados em conta por Bolsonaro, o qual já declarou ter interesse em nomear alguém de perfil “terrivelmente evangélico”.
“Eu sou um evangélico de berço. A minha mãe é imigrante italiana, de origem judaica, e chegou aqui em 1953, com apenas 6 anos. Ela se tornou evangélica aqui, se tornando ‘assembleiana’, da Assembleia de Deus. Claro, eu sempre olhei, obedeci e ouvi os preceitos, a Bíblia estava presente sempre na minha casa. Dessa forma, se minha mãe é evangélica, eu que sou do ventre dela evidentemente também sou. Frequento uma igreja aqui no Jardim Botânico, em Brasília”, contou.
Fonte: Odocumento