• Cuiabá
  • TERÇA-FEIRA, 8 , JULHO 2025
  • (65) 99245-0868
27/03/2022 - 10:35

‘CASOS INSOLÚVEIS’Mais de 60% dos 18 mil assassinatos registrados em Mato Grosso, nos últimos 25 anos, continuam sem solução

Com pouca estrutura e investimentos parcos, delegacias não avançam nas investigações

Família e amigos de vítimas vivem o drama diário da violência, minuto a minuto. Um cálculo não oficial aponta que mais de 18 mil pessoas foram assassinadas em Mato Grosso nos últimos 25 anos. Mais de 60% dos crimes, no entanto, nunca foram solucionados e os casos foram arquivados e caíram no esquecimento e hoje são classificados como “Caso insolúveis”

“Meu irmão foi morto covardemente. Queremos justiça”. “Meu Deus, me ajuda. Meu pai acaba de ser morto por bandidos. Queremos Justiça”. “Mataram o meu irmão a tiros e ainda destruíram o rosto dele a pauladas e pedradas”. “Mataram meu pai para roubar e ele nem reagiu, até porque nunca usou uma arma”. “Minha mãe foi morta por meu pai com muitas facadas”. “Meu filho levou 11 tiros e ainda cortaram e colocaram pedras na barriga dele. Foi horrível. “Era uma menina linda que a mãe matou com requintes de crueldade”.  “Esse assassino já matou outras pessoas, por isso queremos justiça para que ele não volte a matar pessoas inocentes. Quem patrocina a violência?

São frases de pessoas que tiveram parentes ou amigos assassinados.  São frases que viraram rotina em locais de crimes ou em velórios de pessoas assassinadas. Mato Grosso, entre 2010 e 2018, estava entre os estados mais violentos em se tratando de crime contra a vida: homicídios e latrocínios [ ladrões que matam em assaltos].

O resultado não poderia ser diferente, cerca de 11 mil crimes são considerados insolúveis no estado. Os casos foram arquivados, sem autoria comprovada, nas últimas duas décadas.

A reportagem de  ODOCUMENTO entrevistou quaro pessoas e todas pediram para não serem identificadas, muito menos citadas suas profissões, não por medo, mas para evitar suas exposições, principalmente numa questão tão polêmica, cujas respostas não admitem meias-palavras, muito menos mentiras. Vamos usar, portanto, nomes fictícios, identificando apenas suas idades e profissões.

“Quem estuda de manhã, à tarde e à noite não tem tempo de ir para a rua, muito menos ficar na esquina fazendo, pensando besteiras ou sendo aliciados por ladrões e traficantes”, cita um entrevistado.

“Com educação integral, com certeza a incidência do envolvimento de adolescentes, jovens e até crianças com ladrões, traficantes e todos os tipos de bandidos vai cair mais de 70%. O governo sabe disso, mas não faz nada para mudar essa realidade. O seja, em muitos casos o governa fabrica ladrões”, comenta outro entrevistado.

“Eu vi e ouvi uma entrevista de alguns parlamentares: senadores e deputados federais ao Programa CQC. Todos afirmaram que seus filhos estudam ou estudaram em escolas particulares. E no contra-pé, a repórter comentou na cara deles que eles estavam afirmando e oficializando que as escolas públicas brasileiras são uma merda”, lembra um entrevistado.

“Isso é um absurdo. Deputados e senadores oficializaram o sucateamento das escolas públicas no Brasil. E por que eles não mudam essa realidade. Eles podem mudar. Mudaram as leis para beneficiar os bandidos, mesmo os envolvimentos em crimes pesados como homicídio e formação de quadrilha, tudo para incluir um crime que muitos políticos cometem, que é o crime do colarinho branco, que antes dava prisão preventiva, mas agora não dá mais. Isso é um absurdo, isso é uma vergonha”, desabafa.

“Mato Grosso precisa cobrar da União uma ação rápida no combate a invasão das fronteiras do Estado como outros países. É por lá que entram as drogas e as armas contrabandeadas, e pó onde saem os carros e os aviões roubados no Brasil. Isso é um câncer antigo que precisa ser extirpado. Os políticos falam e prometem mil coisas antes das eleições, mas quando são eleitos esquecer e até somem”, lembra um entrevistado.

 

 

 

Fonte:  Odocumento

+