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24/05/2022 - 09:10

Cigarros Eletrônicos: Não se engane, de “descolado” e “inofensivo” eles não têm nada

Recentemente os cantores Zé Neto e Solange Almeida expuseram para a mídia
problemas de saúde causados pelo uso de cigarros eletrônicos. Ambos tiveram de
buscar tratamento médico para falta de ar e relataram dificuldade de cantar. Em
entrevista a artista Solange Almeida contou que após abandonar o vício pelo cigarro
convencional há 15 anos, foi apresentada ao cigarro eletrônico e por acreditar que ele
não possuía nicotina, só foi se dar conta do novo vício quando as consequências
começaram a surgir.
O curioso é que os cigarros eletrônicos surgiram justamente como uma alternativa
para auxiliar no controle do cigarro tradicional, apesar de não existir comprovação
relacionada a essa eficácia. Com sua aparência “inofensiva” e design moderno que
pode contar inclusive com luzes chamativas, variedades de sabor e a ausência do odor
incômodo do cigarro tradicional, os eletrônicos viraram moda entre os jovens. O
cigarro eletrônico, no entanto, não é inofensivo – longe disso. Seus altos índices de
nicotina e outras substâncias nocivas podem gerar dependência química no indivíduo
rapidamente e acarretar todas as doenças respiratórias associadas a esse vício, como
enfisema pulmonar, doenças cardiovasculares e câncer.
Além disso, tem-se percebido que o cigarro eletrônico muitas vezes atua como porta
de entrada para o cigarro convencional e muitos fumantes também têm associado o
uso do cigarro eletrônico com o convencional, o que agrava ainda mais sua condição
de saúde. Vale o registro também da situação relatada pela cantora, em que ex-
fumantes de cigarro convencional, se envolvem no novo vício por acreditar
erroneamente que esse é mais brando e fácil de controlar.
Todas as formas de tabaco comprometem a saúde e a qualidade de vida de quem se
expõe a ele ativa ou passivamente. O tabagismo possui uma relação de causa e efeito
com diferentes tipos de câncer, não apenas o câncer de pulmão e brônquios, mas
também em outros órgãos-alvo como a boca, faringe, laringe, esôfago, vesícula biliar,
trato gastrointestinal, fígado, estômago, pâncreas, rim, bexiga, colo de útero, útero,
mama, próstata, colorretal e leucemia mieloide aguda, além de possuir associação com
metástases para outros locais.
A legislação brasileira proíbe a comercialização do cigarro eletrônico e seus derivados
desde 2009. Neste momento a lei passa por processo de discussão e atualização de
informações técnicas. A Anvisa está na fase de levantamento de subsídios, aberta a
receber informações técnicas a respeito dos cigarros eletrônicos. Por isso, conselhos e
entidades da saúde têm se unido para entregar todas as evidências científicas que
garantam a continuidade da proibição do comércio dos cigarros eletrônicos.
Não se engane, de “descolado” e “inofensivo” os cigarros eletrônicos não têm nada!

Lorraynne dos Santos Lara
Cirurgiã-dentista, Mestranda em Ciências Odontológicas Integradas – UNIC

Luiz Evaristo Ricci Volpato
Cirurgião-dentista, Professor do programa de Mestrado e Doutorado em Ciências
Odontológicas Integradas – UNIC e membro do corpo clínico do Hospital de Câncer de
Mato Grosso

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