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15/07/2025 - 09:38

Governo reúne empresários do agronegócio nesta terça para reagir a tarifas dos EUA

Empresas do agronegócio com forte presença no mercado americano serão recebidas nesta terça-feira (15.07), em Brasília, para discutir estratégias diante da decisão do presidente dos Estados Unidos de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, anunciada na última quarta-feira (09), causou forte reação do governo federal e mobilizou setores exportadores diretamente atingidos, como os de suco de laranja, carne bovina e de frango, frutas, mel, couro e pescado.

A reunião faz parte das primeiras ações do comitê interministerial criado pelo governo para enfrentar o que foi classificado como um revés comercial de grande impacto para a economia brasileira. O encontro será realizado na sede do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e contará com a participação de representantes da Casa Civil, dos ministérios da Fazenda, Agricultura, Desenvolvimento Agrário, Relações Exteriores e Pesca.

O objetivo é reunir informações técnicas dos setores afetados, ouvir as demandas e delinear uma estratégia conjunta de reação, que envolva tanto ações diplomáticas como articulação empresarial entre os dois países. A expectativa é de que a mobilização do setor privado ajude a pressionar parceiros comerciais nos Estados Unidos que também serão afetados pela interrupção ou encarecimento das importações brasileiras.

Segundo o governo federal, uma proposta de negociação comercial com os EUA já havia sido enviada em maio, ainda antes do anúncio das tarifas, mas segue sem resposta oficial. A estratégia agora inclui não apenas tentativas de reversão da medida junto ao governo americano, mas também diálogo direto com empresas e entidades setoriais dos EUA que mantêm cadeias produtivas integradas com indústrias brasileiras — como nos casos de aço, autopeças e alimentos processados.

Nesta manhã, o governo também realiza uma reunião com representantes da indústria, incluindo setores de aviação, siderurgia, papel e celulose, calçados e máquinas. A ideia é consolidar um diagnóstico completo sobre o impacto das tarifas na economia brasileira como um todo e abrir canais de negociação com interlocutores norte-americanos, inclusive por meio da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.

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As medidas dos EUA foram recebidas com preocupação por parte dos exportadores brasileiros, especialmente porque atingem produtos com forte presença no comércio bilateral e em cadeias produtivas interdependentes. O Brasil figura como um dos maiores fornecedores globais de proteína animal, suco e frutas frescas, e vê nos EUA um dos principais mercados consumidores. A sobretaxa, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, pode comprometer contratos, elevar custos e gerar prejuízos ao longo de toda a cadeia produtiva rural.

Embora ainda esteja em fase inicial de articulação, o movimento do governo indica que a reação será coordenada e sustentada por dados técnicos, participação do setor privado e tentativa de convencimento junto a atores do próprio mercado americano. O encontro desta terça é considerado o primeiro passo formal nesse processo.

REAÇÕES – Nesta segunda-feira (14.07) a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) emitiu nota manifestando preocupação com a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.

A medida, segundo a nota da FPA, “comunicada por meio de carta oficial enviada ao governo brasileiro, representa um alerta ao equilíbrio das relações comerciais e políticas entre os dois países. A nova alíquota produz reflexos diretos e atingem o agronegócio nacional, com impactos no câmbio, no consequente aumento do custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras.  Diante desse cenário, a FPA defende uma resposta firme e estratégica: é momento de cautela, diplomacia afiada e presença ativa do Brasil na mesa de negociações. A FPA reitera a importância de fortalecer as tratativas bilaterais, sem isolar o Brasil perante as negociações. A diplomacia é o caminho mais estratégico para a retomada das tratativas.

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Isan Rezende (foto), presidente do Instituto do Agronegócio (IA) chamou de “duro golpe”, a decisão dos Estados Unidos de impor tarifas adicionais sobre produtos brasileiros. “É um duro golpe para o agronegócio nacional. Não se trata apenas de um reajuste técnico, mas de uma sinalização política que afeta diretamente a confiança dos mercados e a previsibilidade dos fluxos comerciais. As consequências serão sentidas no campo, nas cadeias de exportação e também na rotina de quem produz com base em contratos internacionais estabelecidos há anos”, comentou.

“Esse tarifaço afeta o câmbio, encarece insumos essenciais — que em boa parte são dolarizados — e coloca o Brasil em posição vulnerável diante da concorrência de países como Argentina, Uruguai e Austrália. O setor precisa de estabilidade para continuar gerando emprego, renda e superávit comercial. E, neste momento, o que vemos é incerteza. Precisamos de articulação imediata entre governo e setor produtivo para construir uma reação firme e coordenada”.

“A expectativa é grande para a reunião desta terça-feira, em Brasília, quando o setor será recebido pelo governo para discutir os desdobramentos do tarifaço. Levar a voz do agronegócio diretamente à mesa de decisões é fundamental neste momento. Precisamos alinhar estratégias, reforçar laços diplomáticos e construir, em conjunto, uma resposta que evite danos maiores à nossa balança comercial e preserve empregos e investimentos no campo”, defendeu Isan Rezende.

“Defendemos uma resposta estratégica, que priorize a diplomacia econômica sem abrir mão da assertividade. O Brasil deve ocupar seu espaço nas mesas de negociação com dados, argumentos e disposição para o diálogo. É fundamental proteger os interesses do agro brasileiro com profissionalismo, evitar o isolamento comercial e reafirmar nossa credibilidade internacional”, completou o presidente do IA.

 

 

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