- Cuiabá
- QUINTA-FEIRA, 18 , SETEMBRO 2025
- (65) 99245-0868
O setor da soja começa a semana sob tensão, na expectativa de que o tarifaço do Trump entre em vigor nesta quarta-feira (06.08). O mercado opera com cautela diante das incertezas sobre o tarifaço, já que o presidente norte-americano já mudou de ideia várias vezes.
Segundo especialistas, o contrato futuro da soja para maio de 2026 em Chicago está 15,15% acima do valor atual. Com a cotação convertida em reais, o preço da saca projetado para o próximo ano é de R$ 132,77. A rentabilidade, mesmo com as oscilações, segue positiva: cerca de 21,47% sobre os custos médios atuais de produção.
No entanto, quem antecipou a venda da próxima safra no primeiro semestre conseguiu preços bem mais altos — em torno de R$ 156 por saca — com lucros de até 42,7%. Por isso, a recomendação dos analistas é clara: aproveitar o momento e fixar pelo menos parte da safra, evitando depender exclusivamente de projeções futuras.
A demanda internacional continua firme. A China segue comprando soja brasileira em grandes volumes, e países como Egito e México também intensificaram suas importações. A ausência da China no mercado dos EUA — agora ampliada pelo tarifaço — reforça a competitividade da soja sul-americana. Ainda assim, o mercado monitora com cautela o aumento das compras chinesas de farelo argentino, que atualmente tem preços mais baixos e menor incidência de tarifas.
No mercado interno, a situação varia por estado:
Rio Grande do Sul: preços estáveis e vendas moderadas. A saca chegou a R$ 140 no porto. No interior, os valores variam entre R$ 132 e R$ 133, com negócios pontuais.
Santa Catarina: gargalos de armazenagem dificultam a comercialização. A produção agrícola subiu 19% entre 2020 e 2025, mas a capacidade de armazenagem cresceu só 5,1%, gerando um déficit de mais de 800 mil toneladas. A saca foi cotada a R$ 137,99 no porto de São Francisco.
Paraná: tentativa de equilíbrio entre interior e porto. Paranaguá pagou R$ 140,17 por saca. Em Cascavel e Maringá, os preços ficaram entre R$ 126,96 e R$ 127,22.
Mato Grosso do Sul: vendas lentas, mas com valorização no fim da semana. Dourados, Campo Grande e Sidrolândia registraram R$ 122,42 por saca.
Mato Grosso: exportações para a China seguem firmes, mas a infraestrutura limitada ainda é um entrave. Preços em alta moderada: Campo Verde e Primavera do Leste a R$ 120,68; Lucas do Rio Verde e Sorriso a R$ 118,07.
O mercado da soja está em um ponto de virada. De um lado, o Brasil se beneficia da maior demanda externa; de outro, enfrenta dificuldades logísticas e o risco de queda nos preços dos subprodutos como óleo e farelo. Para o produtor, o recado é direto: garantir parte do lucro agora pode ser a decisão mais segura diante de um cenário cada vez mais imprevisível.