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11/09/2025 - 11:15

Começa o vazio sanitário para conter bicudo e proteger safra nacional

Está começando em todo Brasil, os períodos de vazio sanitário do algodão, para combater o bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis), praga considerada a mais destrutiva da cotonicultura. O calendário varia conforme a região, mas em todos os casos o objetivo é o mesmo: eliminar completamente plantas vivas e restos culturais que possam servir de abrigo ao inseto entre uma safra e outra.

A estratégia é considerada essencial para proteger uma cadeia que, em 2024, exportou 1,72 milhão de toneladas de fibra, movimentando cerca de R$ 18 bilhões e consolidando o Brasil como segundo maior exportador global. A cotonicultura concentra-se no Cerrado, com destaque para Mato Grosso, Bahia e Mato Grosso do Sul, mas São Paulo, Goiás e outros estados também mantêm áreas relevantes e legislação própria para o vazio.

Originário das Américas, o bicudo-do-algodoeiro ataca preferencialmente estruturas reprodutivas da planta. Ao perfurar botões florais e maçãs para se alimentar e depositar ovos, provoca queda prematura e compromete fibras e sementes. O impacto pode ser devastador: em áreas sem controle, a redução da produtividade ultrapassa 50%. Por isso, a eliminação de soqueiras e rebrotes — já que o algodão é uma planta perene e de difícil erradicação — é condição indispensável para o sucesso da medida.

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O calendário nacional não é unificado: cada estado define seus períodos conforme clima e condições locais. Em Goiás, por exemplo, o vazio sanitário começou em 10 de setembro e atinge 54 municípios. Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Maranhão mantêm datas próprias, geralmente entre 60 e 90 dias, determinadas por portarias estaduais. Já em São Paulo, a Resolução nº 30/2024 da Secretaria de Agricultura estabeleceu o vazio da Região II entre 10 de setembro e 10 de novembro.

A sincronização entre regiões é fundamental para reduzir refúgios da praga. Caso um produtor descuide da destruição de plantas vivas, a infestação pode migrar e colocar em risco lavouras vizinhas, anulando o esforço coletivo.

Além da limpeza do campo, os produtores são obrigados a registrar suas áreas de cultivo em sistemas estaduais. Em São Paulo, a inscrição deve ser feita no GEDAVE, com comunicação do plantio em até 15 dias após a semeadura. O mesmo ocorre em outros estados, onde cadastros eletrônicos permitem fiscalizar o cumprimento da norma e orientar ações de defesa vegetal.

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A cotonicultura brasileira tem peso estratégico na economia: gera milhares de empregos diretos e indiretos, impulsiona setores de insumos, logística, beneficiamento e abastece tanto a indústria têxtil interna quanto o mercado externo. O país, que já foi importador, hoje se destaca pela qualidade da fibra e pelas práticas sustentáveis, com certificações como o Algodão Brasileiro Responsável (ABR).

Cumprir o vazio sanitário exige esforço técnico e custos adicionais, mas especialistas reforçam que o descuido sai mais caro: produtividade em queda, perdas de exportação e riscos para a imagem do algodão brasileiro. A médio prazo, o setor aposta em manejo integrado de pragas, melhoramento genético, controle biológico e maior integração entre estados para harmonizar os períodos de vazio.

Com a safra em expansão e demanda internacional aquecida, o Brasil depende do rigor no controle do bicudo para manter sua posição de liderança e seguir como fornecedor confiável de algodão no mercado global.

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