- Cuiabá
- QUARTA-FEIRA, 24 , SETEMBRO 2025
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O governo argentino anunciou nesta terça-feira (23.09) que suspenderá temporariamente também os impostos retidos na fonte sobre a exportação de carne bovina e de aves até 31 de outubro de 2025. A medida segue decisão similar tomada na segunda-feira (22) para grãos e soja, com o objetivo de estimular as vendas externas e aumentar a entrada de dólares no país, que enfrenta pressão sobre suas reservas cambiais.
“O governo nacional decidiu que também haverá zero impostos retidos na fonte sobre a exportação de aves e carne bovina até 31 de outubro. Este é o único governo que, diante da adversidade, responde reduzindo os impostos”, afirmou o porta-voz presidencial, Manuel Adorni.
Especialistas indicam que, diferentemente da soja, que pode perder espaço para o grão argentino, as vantagens sobre a competitividade das carnes brasileiras serão limitadas. Segundo Marcos Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), “a medida argentina pode gerar efeitos pontuais em alguns mercados, mas a escala e a qualidade da carne brasileira mantêm o país como fornecedor preferencial global”. Ele destaca que os produtores brasileiros precisam monitorar contratos internacionais e reforçar estratégias de competitividade.
No caso da soja, a China aproveitou a redução dos impostos argentinos para comprar grandes volumes de grãos. Compradores chineses reservaram pelo menos 10 cargas de soja da Argentina na terça-feira, causando outro revés para os agricultores dos EUA, já excluídos de seu principal mercado e impactados por preços baixos.
Os carregamentos de 65 mil toneladas cada, estão programados para novembro, com preços CNF (custo e frete) cotados a um prêmio de US$2,15 a US$2,30 por bushel em relação ao contrato de soja de novembro da Bolsa de Chicago, disseram dois traders com conhecimento direto do assunto.
Para o produtor brasileiro, o movimento argentino representa um alerta para competitividade de preço. Embora o Brasil permaneça como maior exportador mundial de carne bovina e de aves, o setor pode enfrentar pressão em determinados mercados, especialmente na América Latina, Oriente Médio e Ásia, onde a diferença de impostos pode ser decisiva na hora da compra.
Segundo fontes do setor, a infraestrutura brasileira, a confiabilidade logística e os padrões sanitários ainda dão vantagem ao Brasil. No entanto, uma oferta argentina mais barata pode postergar negociações ou reduzir margens de lucro em contratos futuros.
Analistas do agronegócio ressaltam que a medida argentina é temporária e estratégica, buscando fortalecer reservas cambiais e estimular o setor agroexportador, por isso não há o que temer.