- Cuiabá
- QUINTA-FEIRA, 1 , MAIO 2025
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Uma tentação comum a todos nós é criar um dualismo entre a fé e a nossa forma de ver e atuar no mundo. É como se nossos sentimentos fossem sinceramente entregues a Deus, mas, a nossa mente em toda a sua racionalidade supostamente autônoma, me pertencesse, excluindo Deus de cena. Assim, criamos em nossa vida privada um muro de contenção onde Deus não pode passar nem a sua Palavra ser ouvida. Por trás dessa bem elaborada dicotomia, há um tipo de fé que seu proponente nem desconfia. É impossível caminhar sem fé.[1]
O reinado de Cristo envolve toda a Criação, todos os poderes e todas as áreas de nossa existência. Deus é Deus, por isso, somente Ele tem todo o poder. Somente Ele é Deus! Ele reina sobre todas as coisas e sobre cada coisa em particular.
Por isso mesmo, o seu reinando tem também um sentido intelectual: levar todo pensamento à obediência de Cristo, como escreve o apóstolo Paulo:
3Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. 4 Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas 5 e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo (2Co 10.3-5).
Paulo sabendo da astúcia de Satanás e da fragilidade espiritual dos coríntios, instrui aos coríntios uma vez que eles davam crédito aos falsos apóstolos que, usados por Satanás, os afastavam da simplicidade do evangelho:
Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia (panourgi/a[2] = “ardil”, “truque”, “maquinação”, “trapaça”), assim também sejam corrompidas as vossas mentes (no/hma), e se apartem da simplicidade e pureza devidas a Cristo. (2Co 11.3).
Esta é uma forma sistemática de Satanás atuar, obscurecendo a mente (no/hma) dos homens.
Satanás pensou por Eva e Eva, como não se deteve na Palavra de Deus, posteriormente, pensou pensar por si, mas refletiu o pensamento de Satanás que pensa e age de modo contrário a Deus.
Paulo após falar dos desígnios (no/hma)[3] de Satanás (2Co 2.11) – indicando a ideia de que ele tem metas definidas, estratégias elaboradas, um programa de ação com variedades de técnicas e opções a serem aplicadas conforme as circunstâncias[4] – diz que “O deus deste século cegou os entendimentos (no/hma) dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus” (2Co 4.4).
Vivemos em uma atmosfera contrária à fé cristã, uma má vontade para com a verdade, uma estrutura de pensamento totalmente secularizada onde não há lugar para Deus, valores e conceitos transcendentes e objetivos. O pecado afeta a totalidade do homem, inclusive o seu intelecto.[5] Assim, criamos um universo de valor privado onde a verdade é de cada um dentro dos significados subjetivos circunstanciais.
Veith diz que, “normalmente, não são os argumentos específicos contra o Cristianismo que perturbam a fé de uma pessoa, mas toda a atmosfera do pensamento contemporâneo”.[6]
O clima intelectual de uma época é sempre fortemente influenciador de nossa estrutura de pensamento e, portanto, de nossas prioridades e valores. A força deste “clima” talvez repouse sobre a sua configuração óbvia e normativa com que ele se apresenta à nossa mente. É quase impossível ter a percepção de algo que nos conduz – como também a nossos parceiros de entendimento – de forma tão suave. Por isso, o simples – ainda que não seja tão simples assim – fato de podermos pensar com clareza, sem estes condicionantes, é uma bênção inestimável de Deus.[7] “O pecado é anti-intelectual”, conclui Veith, Jr.[8]
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa