Milhares de agricultores indianos protestando contra as reformas agrícolas romperam barricadas na terça-feira para entrar no complexo histórico do Forte Vermelho na capital e hastear bandeiras depois de confrontos com a polícia, que disparou gás lacrimogêneo para dispersá-los.

Os produtores, irritados com as leis que dizem ajudar grandes compradores privados às custas dos produtores, acamparam nos arredores de Nova Delhi por quase dois meses, representando um dos maiores desafios para o primeiro-ministro Narendra Modi desde que ele assumiu o poder em 2014.

O corpo de um manifestante envolto em um tricolor indiano estava em uma rua no centro de Delhi depois que o trator que ele dirigia capotou em um dos confrontos, matando-o, disse uma testemunha, Vishu Arora.

“Ele morreu ali mesmo”, acrescentou Arora.

Uma testemunha da Reuters viu pelo menos cinco policiais e três manifestantes feridos no Forte Vermelho, de cujas muralhas Modi faz um discurso anual. Alguns dos que escalaram suas paredes carregavam espadas cerimoniais.

As cenas desordenadas e os redemoinhos persistentes de gás nos arredores da capital eram um nítido contraste com as imagens televisivas da precisão em série de manifestantes militares em um desfile anual do Dia da República no centro da cidade.

“Modi vai nos ouvir agora, ele vai ter que nos ouvir agora”, disse Sukhdev Singh, 55, um fazendeiro do estado de Punjab, que estava entre centenas de manifestantes, alguns a cavalo, que escaparam de uma rota importante de um comboio de trator por manifestantes.

Do norte da cidade, eles seguiram em direção aos edifícios do governo no centro. Eles confiscaram guindastes e usaram cordas para derrubar bloqueios de estradas, forçando os policiais com equipamentos de choque a ceder, disseram testemunhas da Reuters.

Um segundo grupo montou tratores para chegar a um entroncamento central importante, também rompendo barricadas após confrontos semelhantes com a polícia. Canais de televisão domésticos mostraram imagens de vários manifestantes ensanguentados.

A Reuters não conseguiu entrar em contato com os policiais imediatamente para comentar.

O organizador do protesto, Samyukt Kisan Morcha, disse que os grupos que se desviam de rotas definidas não representam a maioria dos agricultores, no entanto.

“Nenhum dos líderes desapareceu”, disse o agrupamento de sindicatos agrícolas em um comunicado. “Eles estão seguindo as rotas estabelecidas.”

PRESSÃO DO FAZENDEIRO

Mais cedo, dezenas de milhares de fazendeiros barbados e de turbante, muitos agasalhados contra o frio do inverno, dirigiram um comboio de tratores enfeitados com bandeiras indígenas e sindicais ao longo da orla da cidade.

A agricultura emprega cerca de metade da população da Índia, de 1,3 bilhão, e a agitação entre cerca de 150 milhões de agricultores proprietários de terras preocupa o governo.

Nove rodadas de negociações com sindicatos de agricultores não conseguiram encerrar os protestos, já que os líderes agrícolas rejeitaram a oferta do governo de adiar as leis por 18 meses, pressionando pela revogação.

Fonte:Reuters