- Cuiabá
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Já ilustramos como muitíssimos mártires da Reforma morreram cantando salmos. Analisemos agora outros aspectos dos salmos.
Calvino, considerando a complexidade e a riqueza da experiência cristã, entendia que “os salmos constituem uma expressão muito apropriada da fé reformada”,[1] e que “Tudo quanto nos serve de encorajamento, ao nos pormos a buscar a Deus em oração, nos é ensinado neste livro [Salmos]”.[2]
Portanto, no Livro de Salmos temos um guia seguro para a edificação da Igreja que pode cantá-lo sem correr o risco de proferir heresias melodiosas.
Escreve Calvino:
Não existe outro livro onde mais se expressem e magnifiquem as celebrações divinas, seja da liberalidade de Deus sem paralelo em favor de sua Igreja, seja de todas as suas obras. (…) Não há outro livro em que somos mais perfeitamente instruídos na correta maneira de louvar a Deus, ou em que somos mais poderosamente estimulados à realização desse sacro exercício.[3]
Lutero considerava o livro de Salmos (1545) como um “espelho fino, claro e puro que te mostrará o que é a cristandade”, a nós também e a Deus: “Dentro deles também tu irás encontrar a ti mesmo e o verdadeiro conhece-te a ti mesmo, além do próprio Deus e todas as criaturas”.[4]
De forma parcialmente análoga, Calvino considerava os Salmos como “uma anatomia de todas as partes da alma”.[5] que isso explica, ainda que parcialmente, o seu tom tão pastoral no Comentário de Salmos. Nos Salmos, Calvino, mesmo seguindo o seu estilo característico, se expõe de um modo mais pessoal. Acredito que em nenhum outro de seus comentários temos acesso tão direto ao coração de Calvino como nesses.
Um fato notório é que Calvino na medida em que escrevia os seus comentários da Bíblia, ampliava a sua Instituição da Religião Cristã como resultado do seu aprofundamento bíblico, histórico e teológico, tendo em vista também os novos questionamentos de seu tempo. Por sua vez nos seus comentários não raramente ele remete o leitor às Institutas.[6]
A última edição das Institutas foi feita em 1559 e, os comentários de Salmos em 1557. É natural supor que ele trabalhou em muitos momentos de modo concomitante em ambas as obras, ainda que com propósitos e estilos diferentes, porém, creio ser possível pensar nos comentários de Salmos como uma espécie de variação pastoral da Institutas,[7] ainda que não se limite a esta.[8]
Maringá, 11 de dezembro de 2021.
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa